Direção: Santiago Mitre
Elenco: Ricardo Darín, Peter Lanzani, Norman Briski e Carlos Portaluppi
Roteiro: Santiago Mitre e Mariano Llinás
Música: Pedro Osuna
Fotografia: Javier Julia
Montagem: Andrés P. Estrada
Duração: 140 minutos
Ano: 2022
Por Adriana Schmorak
“Argentina 1985” relata a história do julgamento das juntas militares que governaram Argentina entre o golpe de 1976 e o retorno da democracia em 1983. Nesse julgamento cinco militares de alta hierarquia foram condenados por crimes de lesa humanidade, entre eles Videla e Massera, que foram condenados à prisão perpétua.
Os promotores que levaram adiante o caso foram Júlio Strassera (interpretado por Ricardo Darín) e um grupo de jovens promotores, cujo líder foi Luis Moreno Ocampo, papel a cargo de Peter Lanzani.
Teve 709 casos julgados, mas estima-se que houve milhares de desaparecidos, muitos dos cujos corpos jamais foram achados. As vítimas de tortura que conseguiram sobreviver, relataram em detalhe crimes aberrantes cometidos contra eles e contra outras pessoas. Alguns dos testemunhas eram mães e avôs de filhos e netos desaparecidos.
O verdadeiro promotor Luis Moreno Ocampo disse, numa entrevista televisiva para a CNN, que "Argentina, como sempre, oscila entre o topo e o abismo". Em 1985, a Justiça Civil fez algo totalmente inesperado para tentar chegar ao topo, depois que o país havia caído num abismo.
O filme foi exibido nos festivais de Veneza e de São Sebastião. Ganhou o Globo de Ouro 2023 na categoria de melhor filme em língua estrangeira. Para aqueles que não puderam assisti-lo nos cinemas, o filme está disponível no Amazon Prime Video.
Os atores principais estudaram as personagens nos seus mínimos detalhes, se baseando em programas de televisão, fotografias, arquivos fílmicos e entrevistas.
Apesar de ser uma ficção, foram utilizadas inúmeras fontes documentais integradas em pós-produção: por exemplo, depoimentos e discursos televisivos e radiofónicos. As imagens do público aplaudindo o veredicto de culpabilidade é uma resultante de imagens da época misturadas com filmagens atuais.
As fotografias documentais que são mostradas durante os créditos finais são também fotografias de arquivo.
A cenógrafa teve a atenção de escolher elevadores, telefones e máquinas de escrever, no estilo dos anos ‘80’s
O filme se passa em locações reais: o Palácio da Justiça, os bares onde costumam se reunir os advogados que trabalham nos Tribunais, o salão de baile do círculo militar.
Ao mesmo tempo, vê-se como o processo afeta o entorno familiar dos protagonistas. Nesse sentido, os dois principais promotores atravessam por uma importante transformação. De burocratas do Sistema Judiciário, acostumados a ficar horas transcrevendo arquivos em máquinas de escrever, passam subitamente a receber uma tarefa que os excede, ser pesquisadores de crimes contra a humanidade, e ao final se tornam a voz moral da sociedade e são chamados de heróis sem capa.
O promotor Strassera tem que lutar contra seus próprios medos, de ser assassinado ou de que alguém da estrutura militar queira se vingar da sua família. Também tem que lutar contra as ameaças telefónicas e contra a passividade dos restantes procuradores que já fizeram carreira e não querem ser despedidos dos seus cargos. É por isso que Strassera reuniu uma equipe de jovens advogados inexperientes que no final se vê como desempenham um excelente trabalho.
A música, principalmente as canções com letra, foram escolhidas para criar uma ambientação acorde à situação do momento. Desde a música orquestral de Wagner, Verdi e Villa Lobos até intérpretes do Rock argentino como Charly García, Los Abuelos de la Nada. E um célebre tango de Astor Piazzolla.
O principal objetivo deste filme foi conseguir que a geração mais jovem de argentinos saiba ou se lembre que houve uma ditadura no país. O filme atualiza a memória histórica para as novas gerações, imitando ao promotor Strassera quando no final do filme declama: “Senhores Juízes, Nunca Mais”.
Trailer legendado